Eucalipto foi tema abordado na Câmara de Vereadores

por Administrador publicado 13/04/2018 16h20, última modificação 13/04/2018 17h02

Porta voz do clamor dos agricultores e quilombolas do Município de Conceição da Barra, Adelso Rocha Lima, da comunidade do Assentamento Valdício Barbosa, e Marcilene da Conceição Gomes, de Água Preta, usaram a tribuna da Câmara Municipal, em sessão realizada na Extensão da Casa de Leis em Braço do Rio para clamar por socorro contra o crescimento da monocultura do eucalipto, o chamado deserto verde, que ameaça a vida dos pequenos agricultores e quilombolas, expulsando-os de suas terras.

Adelson ressalta que entre os mais variados e agravados impactos socioambientais dessa prática, está o rápido desaparecimento de fontes de água nas regiões de plantio, e o desemprego que gera fome e miséria no campo, obrigando as famílias a se deslocarem para as cidades, aumentando com isso os bolsões de pobreza nos centros urbanos.

O representante do Assentamento Valdício Barbosa alertou os vereadores sobre o possível aumento do plantio de eucalipto patrocinado pela Suzano Papel e Celulose, do Sul da Bahia, à realizar-se na área da fazenda São Joaquim e Dourado, em Conceição da Barra.

Para Marcilene, representante da comunidade de Água Preta, o aumento do plantio de eucalipto na São Joaquim, sem dúvida trará sérios danos econômicos e sociais aos agricultores da região com aumento do desemprego e expulsão das famílias de suas bases tradicionais e culturais. “Não queremos que Água Preta se torne em uma nova Canaã, onde ficou apenas um grupo de famílias de agricultores, que cercadas pelo eucalipto não tem para onde ir. Não queremos isso para Água Preta”, frisou.

“Qual é o futuro para os meus filhos e as gerações que estão por vir, o que será dessas crianças que nascerão ali em Água Preta que não dispõem de serviços básicos como Posto de Saúde, não tem ônibus que passa ali, e, se isso tudo acontecer  o que vai ser de nós das comunidades de Água Preta, Fazenda São Joaquim, São Luiz, Valdício Barbosa e comunidades vizinhas?”, indagou Marcilene.

Para atender a demanda do uso de papel, as terras vêm sendo tomadas pelo deserto verde, denunciou Adelso, ressaltando que quem vive próximo aos monocultivos de eucalipto, sofre e conhece de perto seus impactos. “Enquanto isso, ocorre o esvaziamento do campo, expulsão de famílias e comunidades inteiras, morte de nascentes e córregos, fechamento de escolas e igrejas”, afirmou o representante do Assentamento Valdício Barbosa.

De acordo com dados divulgados pelo IBGE em 2015, a Fibria e Suzano foram responsáveis pelo plantio de eucalipto em cerca de 280 mil hectares no Espírito Santo e se forem liberadas as áreas da fazenda São Joaquim e Dourados serão mais 5 mil hectares de deserto verde, o que irá acirrar ainda mais a crise no campo, comentou Adelso, que lembrou ainda que de acordo com dados divulgados pelo IBGE, em 2006, 66% da área do município de Conceição era ocupada pela monocultura do eucalipto, gerando apenas 3,0% de postos de trabalhos, o que equivale a 936,5 hectares para cada trabalhador.

Ao final, Adelso Rocha Lima e Marcilene da Conceição Gomes entregaram à vereadora e presidente da Câmara Municipal, Mirtes Eugênia Rodrigues Pereira Figueiredo, um abaixo assinado contendo 269 assinaturas de camponeses solicitando a realização de uma Audiência Pública para debater a questão da ampliação da monocultura do eucalipto no Município, e suas consequências como: desertificação das terras produtivas e o esvaziamento das comunidades agrícolas que ainda subsistem da agricultura familiar.

 

Assessor Especial de Comunicação